segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Espaço

Evocação de dois espaços principais determinantes no desenrolar da acção: Mafra e Lisboa.


Espaço físico (espaço real, onde os acontecimentos ocorrem, confere verosimilhança à história narrada):

 à Espaço geográfico – Lisboa e Mafra são os espaços fulcrais, até porque é aqui que se movimentam as personagens principais. Dentro destes espaços, destacam-se, nomeadamente, o Terreiro do Paço (local que retrata a vida na corte), o Rossio (onde se realiza, por exemplo, os autos-de-fé), S. Sebastião da Pedreira (localidade situada nos arredores de Lisboa, onde decorre a construção da “passarola”, na quinta do duque de Aveiro), a “ilha da Madeira” (vale onde os trabalhadores do convento se alojam). Faz-se ainda referência a Évora, Montemor, Pegões, Aldegalega (locais por onde Baltasar passa, depois da guerra, no seu percurso até chegar a Lisboa); à serra do Barregudo, ao Monte Junto, ao Monte Achique, a Pinheiro de Loures, a Pêro Pinheiro (onde os homens vão buscar a gigantesca pedra para o convento), a Cheleiros, Torres Vedras, Leiria, à região do Algarve, Alentejo e Entre-Douro-e-Minho, etc.
à Espaço interior – Palácio Real (Lisboa), a albegoaria da quinta do duque de Aveiro (arredores de Lisboa), a casa dos pais de Baltasar (Mafra) …
à Espaço exterior – ruas/praças, o Terreiro do Paço, o Rossio, Remolares, S. Roque, o morro das Taipas, Valverde, o vale da “ilha da Madeira”…

Espaço social (ambiente social vivido pelas personagens): MAFRA e LISBOA

Ø  A vida na corte, com a apresentação do séquito real, do vestuário das personagens, das vénias protocolares, do ritual das relações entre o rei e a rainha e todos aqueles que frequentam o paço, sobretudo o clero (Cap. I)
Ø  Diversas procissões, nomeadamente, a de penitência pela altura da Quaresma (Cap. III), a dos autos-de-fé (Cap. V e XXV); a do Corpo de Deus em Junho (Cap. XIII); que atestam a influência da religião na sociedade;
Ø  O baptizado da princesa Maria Bárbara no dia da Nossa Senhora do Ó (VII)
Ø  A tourada em Lisboa, no Terreiro do Paço (IX);
Ø  Os festejos da inauguração e da bênção da primeira pedra do convento de Mafra (XII);
Ø  As lições de música da infanta Maria Bárbara ministradas por Domenico Scarlatti (XVI)
Ø  A epidemia de cólera e febre-amarela que dizima o povo (XV)
Ø  O cortejo nupcial que retrata os casamentos da infanta Maria Bárbara e do príncipe D. José com o príncipe e infanta espanhóis (XXII);
Ø  Sagração, em 1730, do convento de Mafra, apesar de ainda não concluídas as obras (XXIV) …
          O narrador tem preferência por locais onde se movem grandes aglomerados populares, na medida em que estes permitem evidenciar as disparidades sociais, a exploração e a crueldade a que o povo estava sujeito.
          Pelo contrário, os ambientes das classes privilegiadas surgem em menor número e, não raro, são apresentados num tom irónico como forma de criticar aspectos políticos, económicos e religiosos de uma sociedade, onde uma minoria tem tudo e a maioria nada tem.

Espaço psicológico (vivências íntimas, pensamentos, sonhos, estados de espírito, memórias, reflexões… das personagens e que caracterizam o ambiente a elas associado):

Ø  O sonho – a rainha sonha diversas vezes com o cunhado, D. Francisco. Ao longo do romance, são descritos com alguma insistência os sonhos de diversas personagens, dando conta dos seus mais íntimos desejos, ansiedades e inquietações…
Ø  A imaginação – por exemplo, a peregrinação em busca de Baltasar, durante nove anos, Quantas vezes imaginou Blimunda que estando sentada na praça de uma vila, a pedir esmola, um homem se aproximaria… (Cap. XXV).
Ø  A memória – Quando Baltasar, por exemplo, relembra o momento em que perdeu a sua mão esquerda na guerra (VIII)
Ø  A reflexão – nomeadamente, a conversa entre a infanta D. Maria Bárbara e sua mãe durante o cortejo nupcial (XXII)

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